Por falar no Diabo lembrei-me de ler no seu dicionário, que ele "preferia a beleza à verdade".
Eu também. Mesmo enquando fui acólito. Imediatamente antes de ter sido expulso dos escuteiros locais.
Se não lhe tivesse visto a cara, pensava que era o filho do Brian Ferry.
Mas a cara das pessoa é a coisa mais importante que elas têm.
A cara das pessoas marca-lhes a vida. Nunca uma cara de estúpido pertenceu a alguém inteligente.
O hábito de ver a própia cara todos os dias molda a personalidade. Quem nasce com cara de "fuinha", de tanto se ver aos espelho acaba "fuinha". Os espelhos são invenção do Diabo, já me tinham dito, por causa da duplicação. Mas são também obra Dele por nos alterarem a personalidade. De tanto nos vermos, a nossa imagem fica marcada na mémoria, e é uma mémoria persistente, que nos vai mudando à sua imagem.
Ao contrário do que dizia PP no Público (um dia destes) não tenho a certeza de que a situação da Alemanha e França deitem abaixo o Governo. Desconfio que sim, mas apenas por questões de imagem. Durão perde allure, mas mantêm válidas as ideias de que o equilíbrio das contas estatais é fundamental, para nós. Eles podem não achar que seja a política correcta, podem achar que nos seu países, os apoios sociais, o investimento público, a educação são necessários.
Durão não acha, acha que primordial é controlar as contas.
Mas Durão não é grande político, quando esticou a corda até ela rebentar, com a culpabilização do défice do PS, com um tom á Cavaco Silva foi dizendo que o PS era um bando de crianças, que ignorava as ordens de Bruxelas.
Não vai ter tempo para corrigir a legitimação da política quando perdeu demasiado tempo a justifica-la de outra forma.
Sou a fovor de apagar posts. De os modificar. De lhes modificar o sentido. De enganar o opositor. Afinal isto é conversa.
Os últimos dois, e este, vou concerteza apagar amanhã.
Já o tenho feito.
Boa Noite
Há coisas que não me pertencem, que não sinto. Não sou preto, nem puta, nem paneleiro.
Devo ir p'ras manifs ou não?
Fico em casa a ouvir. A apoiar em casa. Não me parece bem mas nunca conseguirei apoiá-los na rua, no meio deles.
Não percebo o conceito "Gay Friendly". Quando estou por lá é sempre mais por voyerismo, embora até tenha começado com uma forte consciência da acção.
As manifestações em que acredito são milhares de uma pessoa só.
Quando ouvi o Ben Harper no Coliseu (já não sei quando), saí um bocado envergonhado, escondido. Mas isso era então.
Agora, a ouvir Gil Scott-Heron a confusão é muito maior. Põe o Ben Harper, do início, de punho cerrado, num cantinho.
Posso gostar deste disco (Pieces of a Man) a sério? Grande disco. Não o ouço como documento dos pretos e da luta deles nem como disco desse tempo. O disco é de 1971 e muito preto. Eu entendo nele o que entendo.
Um disco muito bom que ainda têm a vantagem de me permitir dispensar algumas porcarias dessa altura, revisitadas na nossa.
Ainda tenho que descobrir uma alternativa á Madonna a aos Duran Duram e coisinhas da altura que entretanto alguém se lembrou de dizer que eram bons.
Pretos, Putas e Paneleiros.
Lia á alguns dias um post muito pardacento no Mar Salgado, sobre o assunto do dia, daquele dia: os estragos nos balneários, e triste, percebi que eu sou um dos poucos desonestos, sem civismo, acelera, arruaceiro, não-paga-impostos, aldrabão, sem moral e que cospe para o chão, que existe no país. Porque depois de ouvir a Bancada Central, o Fórum TSF, O Prós e Contras e por aí fora, descobre-se o país a dizer o mesmo. A maioria do país "condena e repudia este tipo de comportamentos", este e os outros !
Mais um caso de unanimidade intrigante. Não percebo é como tão poucos fazem tanta asneira.
A Marianne Faithful é um dos nomes que mesmo sem gostar da música que faz, me faz parar e ler a notícia. Acontece com ela, com alguns outros escritores, músicos e poucos mais oficios. Com o Charles Manson e o Aleister Crowley, também.
Hoje li isto e aqui o deixo.
NICK CAVE COLLABORATES WITH MARIANNE FAITHFUL
Unique rock n' roll muse Marianne Faithfull gathers some of the most
acclaimed music talents for her new album. Three tracks were co-written
with Nick Cave and recorded with Nick Cave & Bad Seeds' Warren Ellis,
Jim Sclavunos and Martin P Casey.
Five tracks were also co-written with PJ Harvey and recorded with PJ
Harvey and her band. Damon Albarn and Jon Brion also collaborate, each
of them co-writing one song with Marianne. The forthcoming album "The
Mystery Of Love" is to be released next March (2004).
O meu contador de páginas chegou ao milhar. Para celebrar vou retira-lo.
Em quatro meses. Fazendo hoje a média dá 250 por mês e umas ... 8 páginas vistas por dia.
Impõem-se um balanço:
Estou mesmo fora do tempo e do espaço.
Não tenho um único amigo que tenha um blog.
O que escrevo aqui, nem á minha mãe mostrava.
É bom saber que não faço eco do tempo e modo que passa.
Ao primeiro blog que me leu (na diagonal, suponho), O Carimbo, não fossem as canções enfadonhas e merdosas e os agradecimentos por tudo e por nada, até lhe agradecia.
Á Deusa do Blog que, única no elogio, edita imagens sem poesia, agradeço (gostei de Veneza, muito distante dos outros "quadros", que prefiro).
Ao Dicionário do Diabo reconheço a virtude maior, de me irritar frequentemente. Elogio, portanto.
Á Voz do Deserto, reconheço o melhor "coiso" da net, em forma de Livro de Aforismos.
Apesar do embaraço diário, de ler o que escrevi no dia anterior, posso continuar, sem medo de ser lido, a escrever para mim. Isto é liberdade total.
Tenho tendência a gostar destas personagens. São mais densas. Têm mais coisas difíceis para explicar e para eles resolverem. Exigem mais esforço a perceber.
Ontem vi a dita na TV. Que documentário deprimente.
Mas nem todo o mal do mundo é culpa dos jornalistas. Eles podem perguntar mal, induzir, torcer, mas quem quis responder foi a D. Odete.
Chega-se depressa e sem valor a este estatuto de Cunhal/Soares... quem são os vivos da direita ... se calhar não existem, o que para início não é nada mau. O Freitas leva tanta porrada da direita que se percebe que essa é já uma qualidade da direita, não "entroniza", pelo menos os vivos.
E toda a gente gosta de ver a Odete, a dizer uma frases soltas com um ar diferente dos outros deputados. Ela é diferente dos outros deputados. Mas que raio de coisas diz a Odete que valham sozinhas cinco minutos? Ou que não tenham sido ditas de forma melhor vezes sem conta por outros ?
Tenho que gramar a Odete, elevada a Natália Correia da época. O ar é afectado, é feia, nunca lhe ouvi nada de muito bem pensado ... tem convicções. É tudo. Mas falta-lhe tanto mais. Falta-lhe estar calada em vez de dizer com um ar viajado que as pessoas em Cuba lhe manifestaram em voz alta críticas ao regime.
Convicções e coragem é dizer ao partido o que pensa realmente e se o que pensa realmente não agradar, que saia, que na rua há muito mais gente que lá dentro.
Não gosto de jornalistas. Nada de muito sério.
Também não gosto de polícias, de árbitros, de moscas de pastelaria...
Não tenho grande interesse em fundamentar o que penso sobre isto, mas o pouco que penso, é que não me inspira confiança uma gente que se faz noticia. Gosto da noção do ridículo, da percepção do que interessa e do que existe á volta.
Eles filmam-se a eles próprios.
Os nossos jornalistas mostraram-nos um Iraque em guerra contra os ocupantes do país, um país perigoso, sem regras, uma caos. E a memória é curta.
A segunda começa no domingo. Ou antes disso. Há semanas em que começa logo na sexta.
Há semanas que são uma dolorosa segunda-feira. Já detestei os domingos, mas com a idade vou conhecendo melhor os dias. Vou os reconhecendo, gostando de algumas características de uns, conheço-lhe já quase todos os vícios, apanhei-lhe as manhas. Sei que não posso fazer qualquer coisa em qualquer dia. Eles são gente de temperamento forte e zangam-se. Vou lidando com eles. Os meus dias são encontros semanais.
Sunday's got a slave
Monday's got one too
Sunday's got a slave
Monday's got one too
Our sufferings are countless
Our pleasures are motley few
Spend all day digging my grave
Now go get Sunday's slave
...
No Barnabé, esta manhã:
Coisas que sempre ouvi e ainda me arrepiam «Soube que o Manuel Tiago era o Álvaro Cunhal no dia
em que ele o tornou público, como qualquer camarada».
Irmã de Álvaro Cunhal, à RTP.
Este deslumbramento é o mesmo com que se lê o Corto Maltese.
É um sentimento de baixo para cima, que se conta aos amigos, de que se fala no café.
Esta parte de Cunhal, em que foge, é a parte pior dele. É nela que está o pior do comunismo.
Quem faz isto á irmã, também a podia matar. Just as easy !
Digam o que disserem o Zé Manel Barroso já deveria ter falado. Sobre o quê ???
Sobre a merda que atola o país.
O que já foi serenidade é agora preocupante irresponsabilidade.
Primeiro foi o Cristóvão de Moura, depois foi Zé Manuel Durão Barroso.
Estamos na fase de "óh Espanha nas alturas".
Eles é que sabem, eles é que têm estratégia, eles é que têm a Zara, eles são o G8.
Quando nos falta auto-estima (obrigado pela lembrança óh Sampaio), salpicamo-nos com água benta espanhola.
Não vir um comboio que os leve a todos p'ra Espanha!
A quantidade de desgraçados que este país carrega.
As estações de comboios, sei-o há muito, são casa aberta para malucos, pedintes e desgovernados.
Mas irão continuar a sê-lo quando as estações de comboio tiverem TGV daqui a 10 anos ou coisa que lhes valha.
É tão fácil esta frase, como se não podássemos ter comboios rápidos antes de termos hospícios bons!
Mas apesar de me passar depressa este sentimento de burguês á entrada da missa, continuo com a mesma dúvida de sempre: deve o avanço fazer-se com espera dos que vão caindo ou deve o avanço fazer-se apesar dos que vão caindo.
Primeiro fazem-se os doente e depois os hospitais ou ao contrário?
Exercícios ... nem comboios vamos ter . Só malucos.
A Palestina têm sido mal conduzida desde sempre. Seja pelos países árabes, o Egipto, Síria, Jordânia, por aí fora, seja pelos seus dirigentes, ainda que só lhe conheça um.
Israel impressiona. Muitos anos de uma política cansativa, inteligente, persistente, que parece não ter objectivo: não se entende que Israel queira eliminar fisicamente a Palestina, não se vê vontade em Israel deixar que a Palestina seja um país.
What's the use of getting sober
When you're gonna get drunk again
Oh Sam done something fine
When he bought that good whiskey, beer and wine
I love my whiskey and I love my gin
Every time you see me I'm in my sin
So what's the use of getting sober
When you're gonna get drunk again
What's The Use Of Getting Sober (When You're Gonna Get Drunk Again) - Joe Jackson
Os estudantes! ... chiça !
Estou longe de quem vê o mundo em grupos: os velhos, os estudantes, os pobres, os ricos, os pretos, os brancos... mas é tentadora a facilidade. Mas tentando ver - e vejo - estudantes são os heredeiros do Maio de 68, da luta contra a PIDE, são a força viva da sociedade, acreditam em coisas.
Os que eu conheço, não! Mas conheço sobretudo "scum".
É por, um ano a seguir ao outro, empossados do espirito revolcionário do jovem, tomarem as mesmas atitudes, que acho que sejam 100 ou 10.000 o que muda, de ano para ano, é a vida, as coisas todas, mas eles são já uma caricatura.
Não gosto de grupos, gosto de pessoas. Não sinto os problemas dos estudantes, sinto os de alguns estudantes.
Acho bem que os estudantes protestem. É a tarefa de quem têm um serviço mau e têm que pagar por ele. Toda a gente paga para garantir a continuidade do país. Pagamos para garantir os nossos velhos, para garantir que nasçam portugueses em condições, pagamos a educação e a justiça deles. Mas nós pouco protestamos. Não podemos e já não sabemos. Os estudantes podem, por causa da idade e porque estão entregues a eles mesmos.
As propinas podem até ser necessárias, não sei, imagino que não haja dinheiro, mas a educação universitária é má, a qualidade e as estruturas á volta de quem estuda são más. A qualidade começa a saltar para guettos fora do estado, e as condiçoes de acesso á vida devem ser mantidas pelo estado. O estado deve manter um país a nascer.
Os Gallonn Drunk são uma banda esquecida. Depois de ouvir este 2CD percebe-se porquê.
É uma antologia, em vez de uma colectânea.
São 30 músicas sem um sucesso.
São ingleses em vez de serem da terra dos Gun Club.
Não têm uma pontinha de modernidade e por isso nem a recente onda de bandas de rock os podia ajudar, não têm nada dos dias de hoje. Desde a primeira música até á última não mudou nada, podia sair tudo no mesmo disco.
O vocalista e guitarrista pode ser um virtuoso mas não é isso que ele toca, percebe-se porque é que substituiu o Blixa Bargeld nos concertos ao vivo dos Bad Seeds.
Músicas de tempestade, de remorsos em chamas, com slide-guitars, "marracas", pianolas e frenesim.
O Mar Salgado torce a notícia do Público para dizer o que lhe apetece, no caso, que o comportamento de alguns países, legitima a independência os EUA relativamente ás Nações Unidas.
A notícia legitima a realpolitik, ofende a ONU. Mas a França, Alemanha e EUA estão todos do mesmo lado, concordemos ou não com a sua política externa. As decisões condicionadas da ONU são política e os EUA não estão acima da França, Alemanha, ONU ou da Política.
Num conto de Borges, li a mais desolada explicação do que é a morte dos outros.
Quando morre um homem, morrem com ele as coisas que só ele viu. O mundo perde, tudo o que ele viu durante a vida. Mesmo acreditando em Borges, que o pôr-do-sol de logo ao fim da tarde é o mesmo do dia em que Cristo morreu, com esse homem, morre alguma coisa.
Quando morreu o último homem que viu Cristo, morreu a última imagem Dele.
Qualquer opinião é boa e merece ser atacada.
O que me incomoda portanto, não é a opinião mas os consensos.
Como aquele que toda a gente aceita, que as pessoas digam que se sentem pouco confortáveis em funerais ou perante as más noticias dos outros.
Quando começam um telefonema com, "Eu não sei muito bem o que dizer ... Não tenho muito jeito para estas coisas... ". Só os cangalheiros é que terão.
O que interessa, é a pessoa a quem telefonamos, não somos nós. Pouco importa se estamos muito ou pouco confortáveis com a morte dos outros.
É o triunfo do fácil. O que deve ter começado por ser uma manifestação verdadeira de desconforto, de tristeza, passou a ser um uniforme para lidar com a questão.
"Defixiones, Will and Testament"
"La Serpenta Canta"
Two Double Album Releases - Out December 1, 2003.
Mas na Mute diz que é em Novembro:
Diamanda Galás will release two double albums on 24 November: La Serpenta Canta, a double CD jewel-case, and a special edition hardbook of Defixiones, Will and Testament.
O Panteão Nacional não se faz nem em 50 anos, nem com túmulos vazios.
O Lelo está a gozar, obviamente. Ele têm coisas mais importantes para fazer.
Concordo que os meus mortos são importantes. Mas o que me interessa é lembrar-me que não é preciso ter opinião sobre tudo porque outros a terão.
O que me interessa é não ter muitas opiniões, não ser muito coerente, porque sei que se fosse um concerto da Diamanda Galas, estava lá. Mas uma cambada de miudos apalhaçados ... aí dizia mal. E pedia ajuda ao padre da freguesia, que em questões de moral pecou menos que eu.