Há coisas que não me pertencem, que não sinto. Não sou preto, nem puta, nem paneleiro.
Devo ir p'ras manifs ou não?
Fico em casa a ouvir. A apoiar em casa. Não me parece bem mas nunca conseguirei apoiá-los na rua, no meio deles.
Não percebo o conceito "Gay Friendly". Quando estou por lá é sempre mais por voyerismo, embora até tenha começado com uma forte consciência da acção.
As manifestações em que acredito são milhares de uma pessoa só.
Quando ouvi o Ben Harper no Coliseu (já não sei quando), saí um bocado envergonhado, escondido. Mas isso era então.
Agora, a ouvir Gil Scott-Heron a confusão é muito maior. Põe o Ben Harper, do início, de punho cerrado, num cantinho.
Posso gostar deste disco (Pieces of a Man) a sério? Grande disco. Não o ouço como documento dos pretos e da luta deles nem como disco desse tempo. O disco é de 1971 e muito preto. Eu entendo nele o que entendo.
Um disco muito bom que ainda têm a vantagem de me permitir dispensar algumas porcarias dessa altura, revisitadas na nossa.
Ainda tenho que descobrir uma alternativa á Madonna a aos Duran Duram e coisinhas da altura que entretanto alguém se lembrou de dizer que eram bons.
Pretos, Putas e Paneleiros.