A direitinha portuguesa descobriu, enfim, o argumento da arrogância moral do Bloco de Esquerda (e da esquerda), perdeu a vergonha de discutir valores, causas e já não muda de conversa sempre que alguém diz "social". E este talvez seja o maior contributo do BE ao país.
Os tempos de hoje marcam o início da ascensão da direita sobre a esquerda em Portugal, depois do Abril.
O caminho desta ascensão é marcado por finalmente a direita já não ter medo de ideologias (dizem que já não existem), ter perdido alguma vergonha que carregava por ser julgada inferior nos valores que defendia ou não defendia e pela falta de assunto, coragem, agilidade mental e da vergonha que a esquerda provoca em quem é de esquerda. Ajudou também, o país actual, onde finalmente toda a gente assimilou, mal, as ideias da democracia - igualdade para toda a gente - que levou á falta de educação em todos os sentidos, ao "pouco importa", num newnovoriquismo só visto nos melhores tempos do Sud Express. Hoje, em democracia, toda a gente têm um acesso brutal, aos sinais, á forma, á fonte.
Começam, pela primeira vez nesta história, a incorporar-se nas noções das pessoas, ideias de direita. Independentemente do que votam ou do que acham, alguma ideias de direita, tiques e sentidos, passam a fazer parte do filtro com que as pessoas vêm a vidinha.
Semântica á parte, vai deixar de haver quem diga que vota no PSD mas em questões de moral é de esquerda.
o ouro em espanha vale mais que em portugal diz o cristovão-de-moura
É de facto impressionante a diferença entre Espanha e Portugal, ou entre Lisboa e as outras capitais Europeias como já disse antes.
Talvez não se possa reduzir a questão ao número de calhaus.
A Inglaterra, por exemplo, não têm as pedras velhas bonitas que a fariam um grande país (ou não as empilharam de grande forma).
A Itália têm.
Mas tanto de Inglaterra como de Itália saiu alguma coisa, tiveram períodos (mais do que um) de ouro, em que ficou lá alguma coisa.
São dois caminhos na história muito distintos. São duas geografias muito diferentes.
Em Portugal a geografia é semelhante á dos vizinhos e assim, nem a desculpa de que estamos uns paralelos abaixo pode justificar uma diferença cultural, um desígnio e vontade diferentes. Em que a marca do ouro ficaria noutra coisa.
Não ficou em nada, cá dentro, porque lá fora ficou espalhado por todas as mulheres dos sítios visitados/descobertos.
Nisso acho que fomos grandes!
Como é que este país passou por aqueles séculos se fazer nada por ele?
Marte. Disseram-me.
Fui á janela da frente, olhei para o céu á espera de ver, imediatamente, qualquer coisa diferente. Nada - se calhar é pequenino - nem nos cantos do céu ...
Pelo telefone disseram-me que era "para nascente" que ele estava. Fui a janela de trás.
Olhei, olhei ... esperava alguma coisa maior, mais imponente.
Vi uma estrela muito bem desenhada - como nos desenhos animados.
Fiquei contente por ter visto Marte.
Disse a quem estava que Marte estava hoje no céu. Fomos todos ver.
Alguém disse que era pequena, a estrela.
Lembrei-me de á muitos anos fazer contas para saber que idade teria na passagem de ano de 1999 para 2000.
Houve uns cretinos que vieram logo dizer que estava tudo mal, que as contas não se faziam assim ...
Nem sei onde estava nessa "passagem-de-ano".
Willard Grant Conspiracy
7.Soft hand
...
Músicas para ouvir no fim da noite já manhã, quando o álcool está numa fase estranha; já não se vomita, já não se enrola a língua, beber mais é só uma questão de dinheiro, pior não se consegue ficar - já faz parte de nós. E passear de carro a olhar bem lá para fora a pensar que não sou daqui, deste mundo, estou bem acima, cheio de ideias, amanhã faço tudo ...
Ontem fui de Carris.
Antes de ontem fui de Carris. Por razões que só interessam ao sistema legal, e, a mim.
Anda tanta gente doida na Carris. Autocarros cheios de gente tonta.
Duvido que percebam o que se passa na vida paralela da política, no país deles. Não sei se sabem.
Por isso é que os debates políticos não prestam - servem para passar mensagens inteligíveis, que só os tontos atingem. Como os apitos para cães.
É impossível haver partidos políticos novos, demora anos até entrarem nos autocarros. Até as pessoas se habituarem, conseguirem dizer o nome.
Espantosa, é a diferença, tão grande, que existe entre pessoas.
Por causa dos atentados, do terrorismo e da distância de posições no médio oriente que cada vez mais me parece resumir-se ao peso da história que eles próprios criaram, lembrei-me do que ouvi dizer a um político (Lucas Pires), disse ele que por muito próximos que estejamos de África ou do Brasil, é muito mais o que nos une á Europa. Em qualquer cidade europeia posso sair á procura de um livro ou de um filme, ir a uma igreja, não estranhar as roupas e os hábitos, entender os sinais.
Nos outros sítios, sinto mais a nostalgia da história perdida a saudade de memórias que não tenho.
E isto, mesmo que não seja poliglota ou católico.
Estou muito mais perto da Europa que do Brasil ou de Moçambique.
Li num jornal da semana passada (ou d'outra qualquer) que existiam umas coisas fascinantes chamadas multidões espontâneas. Não era assim que se chamavam mas não me lembro. Seria instantâneas?
Uma coisa linda onde toda a gente se juntava de repente e começava a fazer o mesmo, assim como quem protesta contra a má vida.
Mas sem motivo, sem reivindicar nada, sem razão. Nenhum objectivo. Nadinha!
Devolve a esperança na raça. Não é?
Um homem deserta por escolher um lado de três.
E prefere ficar e muda de lado, partidário de um lado de vários.
É morto não por ter mudado de lado mas por ter escolhido.
Morre por se ter decidido.
Outro homem vêm e faz dele um herói por ter desertado.
Ele morreu por ter escolhido um lado.
O outro enterra-o por ter desertado.
Carradas de homens morreram por não terem desertado. Continuam enterrados onde morreram sem ninguém os ter sepultado.
O que é que deu ao coveiro? Tá maluco ajoelhado na igreja, em vez de andar a sepultar os outros ficou-se por um e ajoelha ao altar segura o bico com a mão e olha para o chão porque não sabe rezar. À volta dele vários militares, direitos.
Lisboa não é grande coisa.
Lisboa não merece ser falada quando se fala em capitais europeias.
Não têm dimensão. Não é bonita, transladados para outro sitio, meia dúzia de locais ficavam muito melhor. Não se passa nada. Aborrece. Nem um metropolitano grande e útil têm. Nesta cidade nem os mortos querem ir para o panteão nacional.
Parece que ninguém cá nasceu e a morfologia dos nativos não é a melhor.
O resto do país é melhor essencialmente porque não quer ser grande coisa. Lisboa é uma chata atrás das outras cidades, incomodadas pela atrasada.
O resto do país não quer saber.
É como numa família pobre em que o filho é licenciado e têm amigos importantes. O filho têm vergonha dos pais e os pais percebem tudo mas não deixam de sentir orgulho no filho e vão passar toda a vida a desculpa-lo.
A mais horrivel tortura é a diferença entre a vida que se desejou ter e a vida que se têm.
Por isso existem blogs, sítios de pena, sítios de condenados, sítios de grandes falhaditos.
Sítios onde também se compilam horas de investigação caseira numa frase diária densa e cheia e falsa.
São altarzinhos pessoais. Cheios de pecado mortal.
Imbecil esta ideia de um monte de gente se atirar a escrever coisas uns aos outros.
Diário aos 15, poesia aos 18 ...
Imbecil e além de muito inútil deixa muita gente sem trabalho; os médicos da cabeça e as linhas eróticas.