Gatopardo

Concerto, ontem, muito bom.
O senhor estava bem disposto, as músicas carregadas.
Falou bastante, levantou-se para cantar. Martelou o piano e voltou três vezes.
No início estava pouco musical mas cheio de força e vontade, estava com feeling.
Depois as músicas foram ficando melhores mas com a mesma vontade. Foi dos melhores concertos que vi dele.
Foi a primeira vez que o vi a solo e a forma assenta-lhe bem.
Conversa e yeahs, risos e murros. Impressionou-me a forma como se levantava e vinha para a frente do palco.

Nada me empurra a escrever aqui. Nem noutro lado. Também escrevo pouco. Mas tenho escrito coisas essenciais, como a minha assinatura em talões. O nome.
Nem música nem escândalo nem paixão nova. Nada.
Têm sido muitos dias a assinar papeis e a pagar contas, muitas horas gastas em horário pós-laboral.
Volto um bocado cansado, aqui. E dá-me uma boa vontade de rir saber que muita questão perdi, muito assunto bonito não ouvi.
Antes de escrever, pensei que estava a entrar no mundo das Eminências Pereiras e todos os outros, o bom do soufrancisco e esses. E é só por isso que cá venho. Para isto não ser só deles.

Bonnie Prince Billy.
Tindersticks.
Mais uma monte de nomes de homens americanos (ou ingleses) que insisto em confundir e que não valem igualmente nada, como rufus, robert, john, jesse e por aí fora.
As secas dos Stereolab, M83 e afins que ou nunca existiram ou mais valia reeditarem.
É mais ou menos por isto que o disco dos White Stripes é bom (e porque muita gente não editou nada o ano passado).

Se calhar, se calhar, não existe coisa mais apócrifa que a discussão do Terras do Nunca e do Mar Salgado.
Li um comentário do primeiro ao segundo ou do segundo ao primeiro a falar da cena desgraçada da Jackson. Ficou-me a cabeça a pensar sozinha em "background" enquanto continuava a ler. Parei para deixar-me pensar, sobre o que levaria aqueles tipos a falar de tal coisa, porque razão o terras do nunca editaria comentário sobre maminhas americanas. Blogue de mais uma esquerda perdida (talvez não, talvez esteja incluído numa já existente), que, de tão orientado, em certos dias, não permite a leitura mais que 3 posts, fico tonto, sem ar. O outro, o Mar Salgado, também têm dias, dias em que parece querer ser de direita quando for grande, deve ter começado a conversa.
Porque agora as transmissões passam a ser diferidas 5 minutos, a mama americana é arma de arremesso da esquerda. E os outros defendem com o espírito de que "não concordo mas sou leal e vertical".
Coisa ridícula, vão agora discutir política na mama da outra.
Aparece qualquer coisa e lá vêm eles tentar descobrir um vista que lhes convenha.
São brincalhões. Mas aprende-se, que tudo é política.

Era a melhor discoteca do país.
Hoje por ser sexta, lembro-me da música dos Cramps: "Let's get Fucked Up" e não tenho onde ir.
No FUN !!!

Existe, mais na poesia que no romance, uma coisa que é a voz. Disse-me a Sofia de Melo Breyner Andresen ( ou terá sido a Agustina ...), por entrevista concedido a outro. Estes anos depois percebo o que ela dizia. Quando leio alguém que encontrou a sua voz, ouço, em vez de ler.

Paulito Portas, o ministro, esqueceu-se de tudo. Aquilo que muita gente diz há muito tempo, foi agora dito na Assembleia. Nada é novo; que existe muita gente a culpar Mário Soares da descolonização ou como foi feita. Também já tinha sido dito. Paulito jovem ministro de quem já gostei, eu e mais meio (talvez 1/4) Portugal, de tanto conversar com os mesmos sobre o mesmo, esqueceu-se que esse assunto é já antigo e debatido. Para ele ainda é assunto do topten e por isso antes de rezar e dormir, jurando vingança a uma ofensa de Mário Soares, percorreu o topten e lembrou-se deste assunto. Esqueceu-se que nada tinha a ver com a história da ofensa. Como se estivéssemos no recreio da escola e ao insulto de lhe chamarem mau jogador de futebol, responde " ... e tu és estúpido".

O meu blogue preferido anda com com muita voz e falta de deserto.
Deu em discutir com políticos. É a tentação. Mas o castigo já veio sob a forma de falta de assunto, porque convenhamos, os últimos posts, estão um bocado cheios de nada.
Porque o que me encanta, é a forma como as coisas são ditas, numa outra forma pode muito bem estar a minha verdade, deixe a doutrina e volte á estética, por favor.

Diz-me o jornalista da Sic que o António Vitorino têm capacidades óbvias. Pergunta quais as possibilidades reais, assumindo que as capacidades são óbvias. Passam-se anos a ouvir dizer que o senhor é muito bom, inteligentissimo, grande capacidade de trabalho .... por aí fora. Toda a gente sabe. Eu não. Como é que hei-de saber que o homem é um verdadeiro prodígio? Eu sei lá se ele é bom ou mau. Das poucas vezes que o vejo e consigo conter o riso, nunca lhe ouço nada que eu não saiba. Mas enfim toda a gente sabe que o homem é bom.
É como nos debates parlamentares, em que no jornal do dia seguinte se diz que um esteve muito bem e o outro, malzinho. Um está a subir e o outro a descer. Acredito, mas desconfio. Sei lá eu. Não estive lá, não falaram para mim, nem comigo.
São muitos mundos diferentes. O do Vitorino, o do jornalista que diz que sabe mas faz lá ele ideia, e o meu.

Num governo em que os ministros não parecem conhecer mais do que a obrigatoriedade de reduzir custos o Primeiro Ministro não pode estar isento de culpas, ainda que politicamente seja o melhor deles todos. Não percebo como é que deixou aquela gralha gráfica dos 13 cêntimos sair da sala onde lha mostraram.
A Manela, pode ter feito as contas todas e ter chegado ao valor possível para o estado, o que em termos de governação é alguma coisa.
Mas a senhora não percebe nada dum resto enorme de coisas. Não conseguiu ver o que são 13 cêntimos.

Passados alguns dias, com certeza que já se envergonham com o que escreveram sobre o rapaz que morreu em campo.

Os pessimistas têm uma ligeira vantagem porque as coisas correm sempre mal.