sexta-feira, janeiro 30, 2004

2004 e seguintes; a idade média 

A classe média, têm este truque irritante, que consiste em falar de tudo, seriamente. Como quem tem capacidade para, sobre qualquer tema, ter uma posição racional e temperada. Se discutem, concedem ao oponente vários argumentos como válidos, apresentam os seus, baseados sabem lá em quem e esgota-se a conversa em poucos minutos.
O consenso é inevitável pois a conversa é média, tratada de forma racional. Chegam depressa ao denominador comum, pequeno, mas fácil de achar e de seguida, livres da conversa séria que fortalece os laços de amizade e o sentimento de cidadão adulto, partem para os copos cheios com conversa ligeira onde, sem se aperceberem desfazem a porcaria toda que estiveram a dizer.
Em todo o ajuntamento há disto.
Existe em duas formas. Aquela em que se começa com a piada ordinária e se acaba a concordar nas questões realmente importantes. A outra, é inversa. Começam na conversa séria e, sossegados, sentem vontade de humanizar o convívio.

É a carne e o espirito. A tendência que o intelectual têm para dizer piadas fracas e falar sobre aventuras pessoais ridículas e a tendência do pobre de espírito para elevar a cabeça ou a voz.
Porque, merda deste e doutro mundo, querem ser humanos!

Então, chegamos aqui, á classe média que invadiu tudo. A classe média conhece e acede ás coisas do espírito e sente e escorrega para as coisas mundanas. E como tudo o que é muito difundido passa a ser de muita gente, perde inevitavelmente algumas qualidades pela sublimação de apenas algumas. É isto a classe média.
Por exemplo os senhores Marilyn Manson. Quando um dia vieram ao Alentejo, nos dias anteriores e seguintes, já muita gente falava deles. E os comentários começaram a uniformizar-se. Era o tipo que fazia isto e aquilo, que dizia isto e aquilo e o que ficou deles agora, quando os vejo, é o mesmo que toda a gente disse ou viu.

link || PFC 7:16 da tarde

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