Angustia-me ouvir dizer que já gostaram. Que agora já não ouvem mas que antigamente ouviam muito.
Nem sequer é o paternalismo, a experiência acumulada de quem fala, a sabedoria de quem ouviu essas músicas mas que naturalmente as deixou para trás por outras melhores.
Prefiro um bom Cunhal. Que nunca esquece quem foi.
Vêm sempre com os mesmos resultados: baladeiros suaves, música étnica, coisinhas mornas e sempre um nocturno de Chopin ou uma óperazita.
O meu pai ouve "música clássica" à tantos anos ... e eu não acredito que esta seja o fim da música. Eu só não ouço as mesmas músicas porque vou gostando de novas e a memória é no meu caso um empecilho. Vou acumulando e não tenho tempo para ouvir tudo e tantas vezes como ouvia. Mas gosto de quem era.
E quando não gosto, sou mentiroso: não digo que já gostei, digo "gosto disso" ou "nunca gostei"!